Carol ONN
Eu não tinha noção
do que fazer. Eu saí de casa apenas com uma mochila, deixei ela lá pensando. Eu
nunca pensei que as coisas iam ficar desse jeito.
Peguei meu carro e
comecei a rodar pela cidade, eu já sabia pra onde ir, só queria dar um tempo.
Quando cansei de
dirigir parei na praia. Tirei meu tênis e larguei dentro do carro, dobrei meu
jeans e sai candando meio desnorteada. Fui ate um quiosque e comprei
uma água mineral, me sentei na areia longe das pessoas. Enquanto eu
tomava a minha água pensava no que fazer. O primeiro passo era ligar pra
Kamila, eu só podia ficar com ela, pra onde mais eu iria? O segundo passo era
pensar no que falar com a Sabrina.
Parece que meus
pensamentos iam sendo lidos, porque meu telefone começou a tocar, era Kamila.
*Ligação*
Kamila: aonde você
ta?
Carol: oi? tudo bom
com você também?
Kamila: serio, agente
precisa conversar.
Carol: é eu sei, eu
vou precisar ficar na sua casa.
Kamila: aqui em
casa? Porque? Aconteceu mais alguma coisa?
Carol: a Sabrina
descobriu tudo
Kamila: tudo?
Carol: é, tudo
Kamila: como foi
isso?
Carol quando eu
chegar aí agente conversa direito
Kamila: ta bom, vem
logo.
Carol: ta bom,
beijo.
* Ligação *
Eu fiquei mais um
tempo parada ali e depois fui pra casa dela. Ela morava numa casa
meio que de campo num lugar afastado da cidade, ela e a namorada... Sim, ser
lésbica acho que ta no sangue. A namorada dela sabe dos nossos esquemas, e nos
ajuda em tudo. As vezes eu queria que as coisas comigo também fossem assim.
Quando cheguei as
duas me receberam super bem. Coloquei minha mochila no quarto de hospedes, e
depois nós fomos conversar tudo o que precisava. Contei como a Sabrina
descobriu tudo, e ela me contou como estava preocupada com o fato de que o
Lucca poderia nos encontrar aqui.
Carol: eu tenho que
tirar a Sabrina do Brasil.
Kamila: é, pode ser
perigoso pra ela e pra bebe. Eu tentei convencer a Giovanna mas sabe como é né,
não quis.
Giovanna: não quis
mesmo, aonde você estiver eu vou estar com você
Carol: é mas não
funciona assim comigo. Amanha na aula eu vou conversar com a Sabrina.
Kamila: você insiste
mesmo em continuar estudando Carol?
Carol: Kamila eu não
posso parar a minha vida por causa dessa guerra. Um dia isso vai acabar e eu
vou precisar viver, e vou precisar disso
Giovanna: ela ta
certa, e você deveria fazer o mesmo viu.
Kamila: não sei
Carol: poderia ser
uma boa, seria mais uma forma de nós ficarmos juntas. Você estudando na mesma
escola que eu, agente teria mais tempo pra pensar em alguma coisa.
Giovanna: pois é eu
concordo
Kamila: eu vou
pensar ta bom. Olha você tem que falar com o Harry.
Carol: eu sei,
amanha eu converso com ele... Será que eu posso ficar um pouco sozinha? Eu
quero pensar.
Kamila: ta bom
maninha, fica bem
As duas me deram um
beijo no rosto e saíram. Eu deitei naquela cama enorme (era de casal) e fiquei
pensando na Sabrina. Eu tinha que convencer ela a sair do país, acho que
a Itália seria o lugar mais seguro. Eu mando ela e a Kath pra lá,
elas ficam a salvo. Mesmo que ela não queira mais nada comigo, eu não posso
deixar ela correndo esse risco.
Peguei meu celular e
comecei a ver algumas fotos nossas, nós duas, nós com a Kath, em casa, nos
passeios que agente fazia... Eu queria tanto ter uma vida normal ao lado dela,
mas depois disso eu perdi as esperanças. Eu esperava que essa guerra acabasse
logo, e que ela nem precisasse saber que isso um dia aconteceu.
Agora eu acho que eu
perdi ela de vez, ela não vai querer nem mais olhar pra mim...
Carol OFF
Sabrina ONN
Depois que ela foi
embora eu só conseguia chorar, acho que a ficha do que estava acontecendo só
começou a cair depois que ela saiu.
Eu sempre soube que
ela guardava algum tipo de mistério, mas nunca achei que fosse algo desse
tipo.
Eu não sei o que
fazer, não sei como agir. Eu quero ficar do lado dela nessa, mais eu tenho medo
de perder ela pra sempre...
Eu tomei um remédio e
dormi, horas seguidas. Quando acordei já era noite, fui a casa da vizinha e
busquei a minha filha.
Cuidei dela e ela
logo adormeceu. "agora sou eu e a Kamila que temos que dar um fim
nisso", essas palavras nunca vão sair da minha cabeça.
Eu não posso deixar
a Carol sozinha nela. Eu a amo, eu tenho que ficar do lado dela, mesmo que isso
seja muito perigoso. Enquanto isso não acabar eu não vou ter paz com ela, e
minha filha também não vai poder ter paz... é isso, eu tenho que ajudar a Carol,
mas não só dando apoio...
Eu já sei o que
fazer, eu não vou deixar ela ir e nem vou embora. Amanha tudo vai se
resolver...
Sabrina OFF
A noite foi longa
para ambas. Sabrina mal pregava o olho, alem da filha que acordou muito aquela
noite, ela não parava de pensar no dia seguinte.
Carol, não pregou o
olho pensando com conseguiria falar com Sabrina, e se ela iria querer falar.
Foi uma noite de
insonia, pensamentos e algumas lagrimas...
Carol ONN
Eu acordei bem antes
do despertador tocar, tomei meu banho, me arrumei e quanto saí Giovanna já
estava a mesa. Um enorme e lindo café da manha estava preparado, e ela esperava
sentada a mesa.
Carol: bom dia
Giovanna: bom dia.
Como foi a noite?
Carol: longa...
Giovanna: eu
conversei muito com a Kamila ontem mas ela não quis voltar a escola, disse que
qualquer coisa faz um simulado pela internet.
Carol: ela é cabeça
dura deixa ela.
A Giovanna era mais
velha, ela tinha25 anos... Não muita coisa. Ela era professora de inglês da
Kamila quando ela morava em Manaus.
As duas se
apaixonaram e enfim, estão juntas. Apesar da Giovanna também pegar no pesado em
relação ao 'serviço sujo' que agente tem que fazer as vezes, ela era mais dona
de casa. Ela ficava a maior parte do tempo naquele sitio enorme, cozinhando e
arrumando a casa. Pelo que a Kamila me disse todos os dias as 7:00 o café já
esta na mesa, ao meio dia o almoço é servido, exatamente as 4 da tarde, uma
mesa para outro café esta pronta, 19:00 o jantar é servido, e ela sempre deixa
alguma coisa pronta caso alguém queira um lanche durante a noite.
Eu fiquei
conversando com ela até a hora de sair, eu ia entrar só depois do intervalo
hoje, não tinha cabeça pra ir antes. A Kamila ainda estava dormindo.
Eu cheguei a tempo
de pegar o terceiro horário mas não quis, preferi esperar no patio.
Carol OFF
Sabrina ONN
Eu mal preguei os
olhos essa noite, alem de tudo a Kath estava muito incomodada com alguma coisa,
peguei no sono já era madrugada. No horário de sempre meu celular despertou.
Olhei pro lado e não vi Carol lá... Senti um aperto tão grande no peito
que chegou a rasgar ao meio.
Tomei um banho
rápido, dei mamá pra minha filha, arrumei as coisas dela, comi alguma coisa...
Passei na casa da vizinha e deixei ela, e fui pra escola, decidida!
Assim que cheguei lá
não vi a Carol. Entrei na sala e coloquei minha mochila perto da mochila das
meninas. Nós ficamos conversando mas eu não parava de olhar pra porta. Elas não
sabiam que nós duas morávamos juntas, então não precisei explicar
a ninguém porque cheguei sozinha.
O sinal para o
primeiro horário tocou... E nada da Carol. Será que ela não vem? Me senti
triste, um pouco culpada...
Os tres primeiros
horários passaram se arrastando, eu não conseguia prestar atenção em nada.
Assim que tocou o sinal as meninas saíram, mas eu não quis ir. Fiquei quieta na
minha pensando de cabeça baixa, quando sinto uma mão tocar meu ombro, e então
ergui o rosto para ver quem era...
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